quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

Chimpanzé Jimmy: um caso brasileiro de final feliz

22/10/2010


Justiça aguarda parecer do MP sobre habeas corpus para chimpanzé no Rio


Projeto pede a transferência do animal para um centro especializado em SP.


Decisão deve sair na segunda quinzena de novembro, segundo TJ.

Do RJTV

Em uma decisão inédita, a Justiça do Rio aguarda um parecer do Ministério Público para julgar o pedido de habeas corpus de um chimpanzé. Há 11 anos, Jimmy vive em um espaço com 100 m² no Zoológico de Niterói (Zoonit), na Região Metropolitana do Rio e o Grupo de Apoio aos Primatas (GAP), foi à Justiça pedir a transferência do animal para um centro especializado em primatas, em São Paulo.

De acordo com Daniel Braga, professor de direito da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, a retirada de Jimmy do Zoonit melhoraria a vida do animal. “Entendemos que a transferência do chimpanzé para um santuário representaria uma significativa melhora na sua condição de vida”, explicou.

O Tribunal de Justiça do Rio informou que a decisão polêmica deve sair na segunda semana de novembro.

Chimpanzé vira pintor e atrai visitantes ao Zoológico de NiteróiEm média, chimpanzés como Jimmy costumam viver cerca de 50 anos e os técnicos do zoológico descobriram, há dois meses, que pintar acalma o animal. Segundo Roched Seba, coordenador de projetos do Zoonit, nem todos os chimpanzés se interessam pela atividade. “Essa técnica já é realizada em outros zoológicos desde a década de 50 e não é qualquer chimpanzé que se interessa, mas ele se interessou”, contou Roched.

A diretora do Zoonit, Giselda Candiotto, disse acreditar que Jimmy não conseguiria se adaptar à vida com outros animais. “Ele é um animal humanizado, que não vai se adaptar a viver em um grupo de chimpanzés, pois ele sempre viveu isolado”, explicou a diretora.

Já para o professor Daniel Braga, apesar da humanização dos animais promovida pelos zoológicos pela convivência com tratadores e público, é possível fazer a reabilitação do animal para que ele viva em sociedade e interaja com outros bichos.

fonte: http://www..g1.globo.com/





Chimpanzé Jimmy

Justiça do Rio nega habeas corpus ao chimpanzé Jimmy


ONGs pedem transferência de animal do zoológico de Niterói para santuário de primatas em SP

19 de abril de 2011

SÃO PAULO - O chimpanzé Jimmy não conseguiu habeas corpus em seu favor. A sessão da 2ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça do Rio decidiu por unanimidade nesta terça-feira, 19, que o habeas corpus é cabível apenas para seres humanos.

Wilton Junior/AE - 21/10/2010Entidades dizem que Jimmy vive isolado há anos
Uma ação de organizações não-governamentais (ONGs), entidades protetoras de animais e pessoas físicas pediu a transferência do chimpanzé para um santuário de primatas em São Paulo. A ação pedia mais espaço para Jimmy e companhia de sua espécie. Segundo o grupo em prol do chimpanzé, Jimmy estaria vivendo isolado há anos em uma pequena jaula no zoológico de Niterói.

Durante o julgamento, o desembargador José Muiños Piñeiro Filho "contou que pesquisou muito sobre o assunto e que, apesar de estudos concluírem que o chimpanzé é o parente mais próximo do homem, com 99,4% do DNA idênticos ao do ser humano, o mesmo não pode ser considerado como pessoa, ou seja, um sujeito de direito", informou o Tribunal de Justiça (TJ) do Rio de Janeiro.

A Fundação Jardim Zoológico de Niterói (Zoonit), que hospeda Jimmy, alegou o chimpanzé é muito bem tratado e que está em uma jaula que atende plenamente as suas necessidades.

Os desembargadores que julgaram a ação "também decidiram encaminhar, como direito de petição, os autos do processo para conhecimento da chefia do Poder Executivo de Niterói, das chefias dos Ministérios Públicos Federal e Estadual, do Ibama e das Comissões do Meio Ambiente do Senado Federal, da Câmara dos Deputados e da Assembleia Legislativa do Rio", acrescentou o TJ.




Chimpanzé Jimmy recebe companheira em santuário de Sorocaba (SP)

29 de dezembro de 2011

Por Pedro A. Ynterian

Foto: Divulgação

Alguns falam que a época do Natal é tempo onde as melhores coisas acontecem. Após quatro meses de tentativas frustradas, na véspera do Natal Jimmy deixou a solidão para trás e aceitou a companhia de uma jovem chimpanzé, que o acompanhou de perto desde que ele chegou ao Santuário do GAP de Sorocaba.

Jimmy viveu num circo até se tornar adulto e não ter mais “utilidade circense”. Foi então entregue para um zoológico – o Zoonit, de Niterói – onde sua vida terminou de virar um inferno.

Jimmy é um chimpanzé atípico, até na forma de andar, muitas vezes em forma bípede. Os outros chimpanzés o acham diferente, o que gera maior curiosidade e até receio por sua parte.

Samantha, que com 13 anos de idade já é mãe de três filhas – a mais nova se chama Suzi e tem seis meses -, sempre se deu bem entre machos. Ela é uma chimpanzé pequena, magra, ágil, audaciosa, com personalidade difícil, especialmente para os humanos, de quem deseja distância. Eu a recebi com um ano de idade e praticamente ela me vê como seu pai ou o macho alfa do grupo de jovens que começou o Santuário há 12 anos.

Ela confia muito em mim e geralmente quando lhe peço algo ela me obedece. A tarefa com Jimmy era difícil. Era um ser que não conhecia chimpanzés, tinha medo e receio deles. Ao longo dos últimos dez anos tinha passado três num gaiolão de 70 m2 e outros sete num cubículo de menos de 20m2, e isso o converteu em um ser perturbado. Jimmy vive obcecado por mulheres com botas de borracha. É algo que acontece com chimpanzés de circos e zoológicos. Como uma brincadeira, ou um entretenimento, os machos são ensinados por seus tratadores a masturbar-se com o contato físico ou visual de uma bota. Jimmy ignora uma tratadora de tênis, mas de botas o leva a uma obsessão erótica, que o faz masturbar-se no cobertor que leva para todo lado constantemente.
O desafio para Samantha é enorme. Vencer a idéia fixa numa mente perturbada. Primeiro fizemos os contatos físicos através da grade: ela, sua filha Sofia (2 anos e meio) e eu de um lado, e Jimmy do outro. Jimmy desenvolveu uma atração imediata por Sofia, que o provocava e brincava com ele. Tiramos um pouco a Sofia do holofote e deixamos só a Samantha. Eu lhe pedia que entrasse no recinto de Jimmy e se aproximasse. Ela nunca negou meu pedido, apesar de que o medo a invadia.

Jimmy é apático. Não reage como um macho chimpanzé normal, que fica com os pelos eriçados e faz gestos agressivos quando não está feliz com uma companhia ou uma situação. Samantha ia a procura de Jimmy, ele a ignorava. Ela ficava próxima, para analisar seus gestos, seu olhar. É a forma que os primatas se entendem.

Aos poucos minutos ela saía correndo e me pedia que a tirasse de lá, o que eu atendia de imediato, pois não podia pedir mais a ela, visto que numa briga ela seria bem machucada.

Essa aproximação durou alguns meses, duas ou três vezes por semana. Coloquei também Carolina, uma fêmea de 10 anos também criada no Santuário e bem maior que Samantha, mas muito meiga e que sabe lidar com machos. Ela tentou algumas vezes, até que não quis entrar mais.

Já estava desistindo. Mas após duas semanas sem tentativas fiz a última na véspera do Natal. Pedi a Samantha que entrasse de novo. Ela foi mais ousada, ficou a menos de um metro dele e me pediu para sair. Lhe pedi uma nova tentativa, quando vi que Jimmy estava no dormitório, onde nunca tinham se encontrado (os encontros sempre tinham sido na parte aberta). Ela entrou de novo. Jimmy a rodeava, ela estava começando a exibir seu cio, estava com medo que ele mordesse seu traseiro. Jimmy começou a interagir comigo pela grade, ela se aproximou e fez o mesmo. Uma mão estava com Jimmy e a outra mão com Samantha. Num momento Samantha trocou minha mão pelo braço de Jimmy e começou a fazer-lhe o “grooming” (prática habitual entre chimpanzés que são amigos). Jimmy começou a fazer o mesmo. Retirei minhas mãos e deixei ambos conhecerem-se no toque. Samantha, num gesto audacioso, deu uma volta e se ofereceu a ele, sentando em seu colo.

Talvez Jimmy não entendeu aquele gesto como um apelo sexual, já que nunca deve ter copulado com uma fêmea, mas o gesto de dar as costas para ele já era um ato de amizade, habitual entre primatas. Nesse momento saí e os deixei juntos. Samantha já estava segura, não precisaria de minha ajuda.

Retiramos Sofia que estava no recinto com a mãe e a levamos para passar alguns dias com sua irmã Sara (um ano e meio), para deixar o casal a vontade, abrindo os dois recintos para eles. Samantha voltou para seu recinto que tem uma passarela espetacular, que todos os chimpanzés adoram, e Jimmy foi atrás. Nunca mais se separaram até hoje, dia que redigimos este texto.

Acabou o isolamento de Jimmy! Samantha ensinará muitas coisas da vida de chimpanzé para ele. Ela está se sacrificando muito para ajudá-lo e não podemos pedir demais a ela, pois tem três filhas para cuidar e seu grupo original de seis chimpanzés, com o qual ela é muito feliz.

Ela sabe o que está fazendo. Em nossas conversas, em nossa língua, ela me dirá até quando e onde irá para recuperar Jimmy e trazê-lo de volta ao mundo chimpanzé, de onde nunca deveria ter sido arrancado. A certeza que temos é que Jimmy nunca mais estará só.

Pedro Ynterian é biólogo brasileiro, presidente do Projeto de Grandes Primatas, na sua propriedade de família onde procura recuperar os primatas, provenientes de circo; seja sob o plano físico, seja sob o plano psicológico. A história de Ynterian já é conhecida em todo mundo. Também a Reuters tem destacado a recente batalha do conservacionista brasileiro.


Fonte: GAP

Nenhum comentário:

Postar um comentário