segunda-feira, 2 de abril de 2012

Elas salvam os animais de forma independente

Elas salvam os animais de forma independente

Jane Cuccato - protetora independente


Pessoas que protegem os bichos se espalham por Curitiba e, sem qualquer ajuda de governo, socorrem animais de rua



2Publicado em 31/03/2012
Anna Simas Fale conoscoComunicar errosRSSImprimirEnviar por emailReceba notícias pelo celularReceba boletinsAumentar letraDiminuir letraQuem passa em frente da residência da dona de casa Jane Cucatto, em Curitiba, pode levar um susto ao ver os 62 cães que ela abriga. Todos são animais de rua, resgatados, tratados e mantidos pela dona de casa até que encontrem um novo lar. Mas quem pensa que lá funciona uma organização não governamental (ONG) ou qualquer outro tipo de associação está enganado. Ela é apenas mais uma protetora independente que atua sem qualquer ajuda de governo para socorrer animais em situação de risco e tira recurso do próprio bolso para alimentar, vacinar e castrar os bichos.



Além dos animais que tem em casa, Jane mantém outros 88 em uma chácara que alugou na cidade de Rebouças, no Sudeste do Paraná. A dona de casa faz bingo, bazar e rifa para arrecadar dinheiro para compor os R$ 4 mil que gasta por mês só em ração. “Como eu não trabalho fora, tenho ajuda do meu marido, mas, mesmo assim, não é suficiente. Tem horas que preciso escolher se compro comida ou dou vacina”, conta. O trabalho dela começou há 15 anos, quando socorreu o primeiro cão na rua. Depois disso, não parou mais.



Jonathan Campos/ Gazeta do Povo







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As irmãs Rosana (à esquerda) e Giovana Reboli cuidam de 160 cães, três cavalos e 12 gatos

Proteção

Serviço público atua em situações pontuais



Embora a prefeitura de Curitiba ofereça o serviço da Rede de Proteção Animal, na prática ele funciona apenas para identificar os animais com chip e só recolhe cão de rua se for agressivo e apresentar risco à sociedade. Segundo o diretor do departamento de Pesquisa e Conservação da Fauna da Secretaria do Meio Ambiente, Alfredo Trindade, existe um espaço perto do Zoológico Municipal que hoje abriga 12 animais e, se alguém encontrar um algum ferido na rua, pode telefonar para o serviço 156. “Não temos hospital veterinário, mas encaminhamos aos das universidades”, diz. Porém, a reportagem entrou em contato com o serviço por várias vezes e foi informada de que a ação não recolhe animais, apenas se for violento ou estiver morto em via pública, e de que o ideal é entrar em contato com alguma ONG de proteção. (AS)



Interatividade

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Assim como Jane, várias outras pessoas trabalham como protetoras pela cidade e, mesmo sem estar necessariamente interligadas, formam um grande grupo que presta um serviço importante para a comunidade. Um dos motivos é que as três ONGs que recolhem animais – das dez existentes – estão abarrotadas.



A empresária Rosana Reboli é outro exemplo de protetora. Com a ajuda da irmã, ela usa o espaço que tem no seu haras para socorrer animais: são 160 cães, três cavalos e 12 gatos. “Cheguei a entrar em favela para pegar cavalo que era maltratado e estava doente. Levei para casa, tratei e depois consegui que fosse adotado.”



Em equipe



É comum um grupo de protetores se juntar e organizar um fundo de reserva mensal para resgatar animais. A jornalista Maigue Gueths faz parte de um há quatro anos. Juntamente com outras seis pessoas, ela doa R$ 50 por mês e, cada vez que uma delas acha um cão ou gato na rua, usa o dinheiro para tratá-lo e pagar um canil até que ele seja adotado.



Outro tipo de ação é usar sites e mídias sociais para divulgar os cães para adoção. As amigas Fernanda Dias e Gerusa Matos se uniram e montaram um site de adoção, o Adote Bicho, que conseguiu que 3 mil cães resgatados das ruas fossem adotados em dois anos. Elas também fazem uma feirinha de adoção aos domingos, no Centro Cívico, com os animais que mantêm em canis pela cidade e com os de outros protetores.



Endividados



Tirar dinheiro do bolso é uma prática comum entre os protetores, o que faz com que muitos fiquem endividados, seja no cartão de crédito ou no cheque especial. “Devo nos dois e também para clínicas veterinárias, seja por tratamento ou ração. Gasto cerca de R$ 2 mil por mês para manter os animais que recolho, mas isso é uma bola de neve porque quem começa esse tipo de trabalho não para nunca mais”, conta Fernanda.



Meta é encaminhar os bichos à adoção



A intenção dos protetores é sempre a de resgatar os animais e encaminhá-los à adoção. Como nem sempre é fácil conseguir um novo dono, muitos acabam acumulando animais em casa ou em canis. A bancária aposentada Viviane Roesler tem hoje 142 cães que não foram adotados. Ela mora em um terreno de 800 metros quadrados, mas, mesmo assim, o espaço não é suficiente.



Para a manutenção, são necessários 75 quilos de ração por dia, um custo de R$ 4.680 por mês, somados a uma conta de água que chega a R$ 600 e despesas com castração, remédio e vacina que completam os R$ 8 mil que ela gasta no total. Desses, cerca de R$ 1,5 mil são de doações que recebe e dos bazares de roupas e objetos usados que faz mensalmente. O restante tira da sua aposentadoria e do salário do marido. Como outros protetores, ela também está endividada.



Viviane começou a atividade há 14 anos com a intenção de recolher apenas fêmeas grávidas, ficar com elas e doar os filhotes. Mas o trabalho tomou tamanha proporção ao longo dos anos que hoje recebe 20 ligações por dia de pessoas pedindo ajuda para algum animal, geralmente machucado ou maltratado. Muitos chegam a largá-los na frente da sua casa, inclusive amarrados em árvores. Depois de tanto cuidado, na hora de doá-los costuma ser bastante criteriosa. “Eu peço para conhecer antes onde a pessoa mora para ver em que condições o animal vai ficar. Porque não adianta nada adotar, não cuidar e devolver aqui.”



Serviço



Mais informações sobre a iniciativa estão disponíveis no site www.adotebicho.com.br, que reúne algumas protetoras independentes.


http://www.gazetadopovo.com.br/
31.03.2012

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