segunda-feira, 28 de maio de 2012

Megalixão no Rio fecha sem dados sobre dano ambiental



Às margens da baía de Guanabara, Gramacho será desativado na sexta-feira

Responsável pela área, Comlurb diz que não há contaminação no local; especialistas contestam e cobram novos estudos

VENCESLAU BORLINA FILHO
DO RIO

Após 34 anos recebendo todo o tipo de resíduo, o lixão de Gramacho -considerado o maior da América Latina- será desativado na sexta-feira sem uma avaliação que aponte o real tamanho da sua contaminação ambiental.

Instalado sobre um mangue às margens da baía de Guanabara, em Duque de Caxias, o aterro recebeu ao menos 70 milhões de toneladas de lixo sem proteção.

Segundo o Inea (Instituto Estadual do Ambiente), não há análises da contaminação e as áreas de mangue necessitam de estudos detalhados para o diagnóstico conclusivo e a remediação da área.

Ao redor de Gramacho existem ao menos 42 lixões clandestinos -21 ainda ativos. A meta da Secretaria de Estado do Meio Ambiente do Rio é desativar todos neste ano.

A Comlurb (companhia municipal de limpeza urbana do Rio), responsável pelo lixão, diz que não há contaminação porque o aterro está controlado e sobre uma camada de 17 metros de argila naturalmente impermeável.

"Não há argila que seja 100% impermeável. Não existe", contesta o professor de engenharia geotécnica da Universidade Federal do Rio de Janeiro, Cláudio Mahler.

Segundo o Inea, análises do solo e água subterrânea apontam a presença de metais como chumbo, crômio, ferro e níquel que seriam apenas de lixões clandestinos. O secretário de Conservação e Serviços Públicos, Carlos Osório, diz que não tem "dado específico do grau de contaminação gerado por Gramacho".

O Centro de Tratamento de Resíduos de Seropédica, a 50 km do Rio, para onde o lixo passará a ser levado, tem capacidade para 10 mil toneladas/dia. A estimativa de vida útil do local é de 17 anos.

Para a desativação de Gramacho, a prefeitura já desembolsou ao menos R$ 93,1 milhões entre indenização aos catadores e o total repassado desde julho de 2007 ao consórcio que gerencia a área.

O caso de Gramacho deve ser discutido na Rio+20 -conferência da ONU sobre desenvolvimento sustentável, de 20 a 22 de junho, -como um exemplo negativo.

Fonte: www1.folha.uol.com.br


Lixão de Gramacho - Imagem do Google


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