domingo, 7 de abril de 2013

Alguns pensamentos sobre a abordagem abolicionista



Por Gary Francione

Aqui estão alguns pensamentos simples que expressam a abordagem e filosofia 

abolicionista. Eles podem ser úteis a vocês, tanto em suas próprias reflexões sobre as coisas

quanto em suas discussões com outras pessoas:

1. O especismo é moralmente objetável porque, como o racismo, o sexismo e o heterossexismo, vincula a condição de pessoa a um critério irrelevante.

Explicação: Não objetamos ao especismo num vácuo. Nós o rejeitamos porque ele é como outras formas de discriminação. O que todas as formas de discriminação têm em comum é o uso de um critério irrelevante para excluir pessoas da comunidade moral, negar a essas pessoas a integração completa à comunidade moral. Os racistas desvalorizam as pessoas de raças diferentes baseados somente na cor da pele; os sexistas desvalorizam as mulheres somente por causa do sexo e gênero; os heterossexistas negam a integração completa à comunidade moral aos gays, lésbicas, transgêneros, etc., baseados simplesmente na orientação sexual. Os especistas negam a integração completa à comunidade moral baseados somente na espécie.

Todas essas formas de discriminação são moralmente injustificáveis. Rejeitamos o especismo porque ele não se distingue dessas outras formas de discriminação.

(Por favor, notem que embora Peter Singer rejeite ostensivamente o especismo, ele sustenta que, devido ao fato de os animais não-humanos não terem o mesmo tipo de mente que os humanos, eles não têm interesse em continuar a viver, e nós não lhes causamos dano se os usarmos e os matarmos de modo “humanitário”. Eu acho isso uma forma de especismo. Clique no link para saber mais sobre a visão de Peter Singer. http://bit.ly/Ooqu67).

2. Quem rejeita o especismo se compromete a rejeitar o racismo, o sexismo, o heterossexismo e outras formas de discriminação também.

Explicação: Alguns defensores dos animais sustentam que o “movimento de defesa animal” não toma uma posição quanto a outras formas de discriminação. Isso não está correto. Aqueles de nós que querem justiça para os animais não-humanos estão necessariamente comprometidos com a justiça para os humanos, e com o fim da discriminação contra humanos assim como da discriminação contra não-humanos.

O movimento de defesa animal não deveria, por exemplo, estar perpetuando o sexismo como um meio para os fins dos direitos animais. O sexismo envolve a coisificação da mulher. A coisificação é o problema, não a solução.

E sim, as mulheres podem ser sexistas, do mesmo modo que pessoas de cor podem ser racistas. Mas esse sexismo e esse racismo são necessariamente diferentes porque, em nossa sociedade racista e patriarcal, essas formas de discriminação não têm, e nem podem ter, o mesmo efeito. Eu rejeito toda discriminação, mas jamais deveríamos pensar que não haja importantes diferenças aqui.

E sim, as mulheres podem optar por coisificar a si próprias, assim como as pessoas de cor podem tomar parte em estereótipos racistas e perpetuá-los. Mas isso não significa que coisificar a si própria seja um “empoderamento”. Muito pelo contrário. A ideia de que coisificar a si própria é uma emancipação, um empoderamento, é uma ideia reacionária que perpetua o sexismo.

www.abolitionistapproach.com (em português, inglês, espanhol e francês)

Foto: sittingwithsorrow.typepad.com

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