quinta-feira, 21 de novembro de 2013

Ancestral de cães e lobos, além de europeu é mais velho do que se pensava: leia artigo

Animal ancestral comum de cães e lobos era europeu, diz estudo


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REINALDO JOSÉ LOPES

COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

A diversidade de formas, e comportamentos é gigantesca, de labradores bonachões a buldogues marrentos, mas todos os tipos de cães vivos hoje são descendentes de lobos europeus da Era do Gelo, sugere um novo estudo.
Se a pesquisa estiver correta, a proximidade entre o ser humano e o seu proverbial melhor amigo é, de fato, antiquíssima. Teria cerca de 20 mil anos, o dobro do tempo que transcorreu desde a invenção da agricultura, precedendo até a chegada da espécie humana à América.
Os resultados estão em estudo na revista "Science" e derivam de análises de DNA de 77 cães de diferentes raças, 49 lobos, quatro coiotes e, o mais importante, 18 fósseis de canídeos. Isso ajudou os cientistas a avaliarem a diversidade genética dos bichos no passado e a compará-la com os do presente.
Instituto Real de Ciências Naturais da Bélgica
Crânio de canídeo com 36 mil anos, achado em caverna na Bélgica, pode ser de animal ancestral comum de lobos e cães
Crânio de canídeo com 36 mil anos, achado em caverna na Bélgica, pode ser de animal ancestral comum de lobos e cães
Os pesquisadores, liderados por Olaf Thalmann, da Universidade de Turku, na Finlândia, e Robert Wayne, da Universidade da Califórnia em Los Angeles, fizeram uma leitura completa do DNA mitocondrial dos bichos. Esse tipo de material genético -passado de geração em geração somente das mães para filhas ou filhos- é considerado uma ferramenta útil para traçar árvores genealógicas de grupos e espécies.
Estudos anteriores apontavam uma origem canina no Extremo Oriente, porque a maior diversidade genética dos bichos parecia estar na China e países vizinhos.
"O problema é que a diversidade genética dos cães pode ser influenciada por fatores como o comércio de certas raças ou regimes severos de cruzamento consanguíneo, e pode não ser uma medida confiável", diz ele.

PRIMOS NA EUROPA

O DNA dos lobos e cães fósseis ajudou a contornar esse problema. Eram bichos, em sua maioria, europeus - da Bélgica, da Rússia, da Alemanha e da Suécia - mas os pesquisadores também usaram DNA de animais dos EUA e da Argentina.
Após a análise de DNA e a construção de uma árvore genealógica, o que os cientistas viram é que os quatro grandes grupos de cães atuais possuem, em posições muito próximas de sua origem, um cão ou lobo da Europa como "primo de primeiro grau".
"Quase nenhum dos lobos atuais, por outro lado, tem parentesco próximo com os cães de hoje, o que outros estudos já mostravam. Tudo indica que a população de lobos ancestral dos atuais cães acabou se extinguindo", diz Wayne.
As análises também trouxeram uma estimativa para a data de domesticação, a qual, segundo o pesquisador, encaixa-se bem com a ideia de que certos lobos começaram a rodear os acampamentos dos caçadores humanos e "limpando" as carcaças abandonadas.
Com o tempo, a relação foi se tornando mais estreita, com os bichos sendo usados como guardas ou companheiros de caça. Uma hipótese popular apostava em outro mecanismo de origem, a domesticação depois do surgimento da agricultura.
Pesquisadores rivais, no entanto, dizem que ainda é cedo para abandonar ideias concorrentes. Peter Savolainen, do Instituto Real de Tecnologia de Estocolmo (Suécia), um dos defensores da origem asiática dos cães, criticou a falta de DNA de fósseis da Ásia na análise.
Wayne e seus colegas dizem que não conseguiram obter amostras desses locais, embora cães asiáticos modernos tenham sido incluídos no estudo.

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