sexta-feira, 31 de outubro de 2014

O desafio de educar pela garantia dos direitos animais. *Laelia Tonhozi

 
Laelia Tonhozi e seu heroi predileto: ET
Pelo respeito a todas as formas de vida


Educar para o respeito tem sido um desafio aceito por nós, educadores e defensores dos direitos animais.
Sempre nos fazem as mesmas perguntas: quantos animais vocês têm em seus abrigos ? Quando respondemos que nenhum, porque não temos abrigo,  porque nossa missão é ensinar, educar, para a transformação da sociedade e suas relações com os demais seres, bem como, defender políticas públicas para garantia do direito de todos, nem sempre somos bem compreendidos.
Como ? Sempre temos esta reação vinda do outro lado. Sobretudo de jornalistas e repórteres que nos procuram para depoimentos sobre temas pontuais. Ainda não conseguimos fazer com que sejamos compreendidos. Ainda não conseguimos conquistar para nós o direito de sermos defensores dos animais sem que sejamos “protetores”, no sentido tradicional, ou seja: aqueles que levam animais para os seus lares ou que mantêm abrigos, ou que se dediquem ao trato de animais para futuras adoções, entre outras tarefas igualmente louváveis.
Do outro lado, o silêncio traduz a frustração. E como adendo: “a gente volta a ligar”. O que não ocorrerá.
A bem da verdade, nem entre nossos companheiros somos bem compreendidos.
Poucos têm o entendimento de que a educação humanitária, aquela que fortalece valores que valem para tudo na vida, seja um meio de garantirmos os direitos animais, ou em outras palavras, “proteger os direitos animais”, ou em outra compreensão, de garantir a “proteção aos animais” como um direito.
É nesta linha de entendimento, que abordamos a “guarda responsável de animais”, não como uma “obrigação do tutor ou proprietário pelo seu animais”, todavia, como um “direito” que o animal tem.
Também, nesta mesma linha de compreensão, educamos para a mudança de nossa forma de produção e consumo. Assim, abordamos o vegetarianismo ou o veganismo, como uma forma diferente de se relacionar com o mundo, no pressuposto de que não somos donos uns dos outros, de forma que não podemos nos apropriar do outro.
Também desenvolvemos o tema do respeito às diferenças e a garantia de direitos diferentes a seres diferentes, de acordo com os interesses e necessidades de cada um.
Plantamos árvores para a compreensão da vida, do respeito às espécies, da harmonia e da beleza.
E os temas abordados são inesgotáveis, como são inesgotáveis os problemas e as soluções.
Como garantir, entretanto, o reconhecimento de nossa tarefa como ativistas e educadores ? Como resposta (vulnerável resposta) afirmo que é mantendo a moral alta, a resiliência em nossas crenças, porque só conquistaremos o reconhecimento quando justamente tivermos feito reconhecer que acima dos preconceitos que traduzem o que somos como seres desta civilização, mantém-se firme e forte a convicção de que: os animais têm direitos, sim, de serem respeitados e eu como cidadã, o direito de defender a garantia de que aqueles vivam em paz, mesmo que para isto, muitas gerações de educadores sejam necessárias para que novos valores, pautados em outras éticas, tenham que dedicar suas vidas nesta desafiante missão.


*Laelia Tonhozi é educadora ambiental, atua em Curitiba, em estratégias educativas em escolas. É membro do Movimento SOSBICHO.

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